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01/04/2024

Projeto Além do Algodão promove combate à fome e amplia acesso à água na Tanzânia

Missão de encerramento entre os dias 25 a 28 de março

Acesso à água. Combate à fome. Fortalecimento da agricultura familiar. Aumento de renda. Melhoria da saúde por meio de consumo de alimentos mais nutritivos. Esses foram alguns dos principais impactos causados pelo projeto “Além do Algodão”, implementado pela cooperação sul-sul brasileira na Tanzânia.

A iniciativa, que durou 18 meses, encerrou as atividades na semana passada, após a realização da última missão técnica do projeto coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com o governo da Tanzânia, com o Centro de Excelência Contra a Fome, no Brasil, do Programa Mundial de Alimentos (WFP) e, ainda, com o WFP Tanzânia.

Tecnologias agrícolas compartilhadas

O projeto atendeu três distritos da região de Mwanza, no noroeste daquele país. Agricultores familiares de Misungwi, Magu e Kwimba participaram de diversos treinamentos, ministrados por professores especialistas da UFCG. Na ocasião, aprenderam novas técnicas produtivas para o aumento, a diversificação da produção e o combate a pragas.

A iniciativa incentivou a rotação de culturas, tendo em conta as especificidades locais de clima, de modo a garantir a manutenção da qualidade do solo e ampliar os itens produzidos para consumo próprio, alimentação escolar e venda.

Thomas Bwana, diretor-geral do Instituto de Pesquisa Agrícola da Tanzânia (TARI), tratou dos novos aprendizados incorporados ao projeto: “fomos capazes de mudar o nosso paradigma de ficarmos em apenas um produto; agora, fomos além, pensando nos aspectos nutricionais que cada alimento pode nos proporcionar. Este não deve ser o final, mas o início de uma nova abertura da cooperação do Brasil com a Tanzânia”.

Considerando a grande dificuldade de acesso à água na região, tanto para consumo próprio, como para cozinhar e regar as plantações, o projeto promoveu a construção de cisternas de placas de 16 mil litros para captação da água da chuva com hidrômetros e de canteiros econômicos. Além disso, ministrou oficina para a construção de barragens subterrâneas, que facilitam a retenção de água durante o período de chuvas, para a utilização durante a seca.

Combate à fome e nutrição

Vale destacar, igualmente, doação de maquinários agrícolas, destinados à agricultura familiar, que aceleram e facilitam o preparo do solo e a plantação das sementes. Agricultoras familiares participaram, também, de oficinas de aproveitamento integral de alimentos e cuidados com a água. De forma complementar a um outro projeto da cooperação brasileira  - “Cotton Victoria” - , o Além do Algodão na Tanzânia apoiou, ainda, o financiamento de um sistema de irrigação para um campo de sementes de plantações de algodão do TARI.

A iniciativa promoveu, também, a construção de três fogões ecológicos em escolas dos distritos envolvidos, que funcionam a lenha, a fim de modernizar e acelerar o preparo de alimentos nas escolas, antes feitos em pedras no chão, misturadas com lenha. Havia grande perda de calor e a necessidade de utilizar quantidades bem maiores de lenha, em razão do vento.

A iniciativa permitiu, igualmente, capacitação para a construção de teares manuais, de modo que os agricultores familiares possam aproveitar o algodão produzido para confeccionar manualmente roupas e outros itens, reduzindo os gastos com a aquisição desses bens e aumentando as possibilidades de ganho financeiro com a comercialização.

Encerramento do projeto

No dia 28 de março, foi realizado evento simbólico de encerramento do projeto na Vila Nguge, no distrito de Misungwi, em Mwanza. Contou com a participação, do lado brasileiro, da UFCG, da ABC, da Embaixada no Brasil na Tanzânia e do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil. Do lado tanzaniano, estavam presentes o Ministério de Agricultura, o Instituto de Pesquisa Agrícola (TARI), o Conselho de Algodão (TCB), o Programa Mundial de Alimentos, além das agricultoras e agricultores que participaram do projeto, que continua no Benim e em Moçambique.

Os diferentes interlocutores que se pronunciaram na cerimônia de encerramento, ressaltaram o diferencial da cooperação brasileira. Para o diretor-geral do TCB, o Brasil não deu o peixe, mas ensinou a pescar. “Na cooperação entre Brasil e Tanzânia, ao invés de nos darem dinheiro, vocês nos estão dando os meios para fazer dinheiro e melhorar a vida das pessoas”, concluiu.

O Embaixador do Brasil na Tanzânia, Gustavo Nogueira, sublinhou os princípios que sustentam a cooperação sul-sul brasileira: “para que o peixe seja pescado, as pessoas precisam querer pescar. Neste projeto, observamos o grande entusiasmo e o comprometimento dos parceiros em querer usar essa vara para pescar. O princípio da solidariedade é um princípio da cooperação implementada pelo Brasil. Esperamos que os novos conhecimentos adquiridos sejam expandidos e multiplicados”, ressaltou.

O projeto “Além do Algodão” apoiou a construção de mais de trinta cisternas, escolares e domiciliares, nos três distritos envolvidos no projeto; 90% dos participantes, observaram melhoria na alimentação, nos últimos 12 meses, bem como na autonomia do sistema produtivo; 76% dos envolvidos relataram aumento significativo na produção de alimentos e 34,17% apontaram redução dos custos de produção.

Fonte: ABC